Quando cheguei apenas o vazio
Nem o eco da tua voz
Nem o cheiro
Nem as sombras de nós
O som dos teus passos
Ainda se respirava no ar
O gesto dos teus olhos
Onde me queria aninhar
Fugiste daqui
E eu fiquei imóvel
Deitada no chão
Contei os nós da madeira
Do soalho que pisámos
E num sonho dei-te a mão
Escondi-me de mim
Por entre folhas soltas
E notas de música
Com letras revoltas
Rasguei-me da roupa
Que me prendia e sufocava
Dei um grito mudo
No silêncio que me inundava
Fugiste daqui
E eu fiquei imóvel
Deitada no chão
Contei os nós da madeira
Do soalho que pisámos
E num sonho dei-te a mão
Não sei se te quero
Muito, pouco ou nada
Por vezes desespero
Sinto-me amarrada
Presa ao que não tenho
Livre no que posso ser
Fecho o rosto num acanho
Calo a voz para me esconder
Não sei quem quero ser
Se adormeça despida de ti
Se me deva nos teus braços envolver
Se cante o teu nome que não esqueci
Não sei quem quero ser
A musa de quem te escondes
A deusa que te quer ter
Se atravesse tantas e tantas pontes
Para depois te perder
Segues em frente…
Nunca hesitas no teu caminho
E quando a tua pele perde o quente
Vens aquecer-te no meu carinho
E eu continuo aqui
Sem saber quem quero ser
E perco tempo a olhar para ti
E o dia está a amanhecer
Não sei quem quero ser
Se adormeça despida de ti
Se me deva nos teus braços envolver
Se cante o teu nome que não esqueci
Não sei quem quero ser
A musa de quem te escondes
A deusa que te quer ter
Se atravesse tantas e tantas pontes
Para depois te perder
Por tudo o que foi dito
Por tudo o que ficou no silêncio dos nossos lábios
Por todo o amor que te dei e recebi
Por toda a paixão que nos envolveu e devorou
Por tudo o que fica por fazer
Por cada passo que falta dar
Por toda a dedicação com que me entreguei
Por todos os momentos de carinho que partilhámos
Por todas as promessas por cumprir
Pelo orgulho que te cala os sentidos
Pelo egoísmo que te faz fingir que não sentes
Por cada sorriso que te arranquei
Por cada vez que ri e chorei contigo
Por cada vez que demos as mãos
Por cada raio de sol que acordou connosco
Por cada estrela que nos viu adormecer
Pela inocência que me fez acreditar
Pela inocência que te fez prometer
Pelo disfarce que te faz forte
Pela fraqueza escondida debaixo da tua firmeza
Pelo abraço que se sentiu sem se dar
Pelo beijo esperançado de um ‘até já’
Pelos poemas que te escrevi
Pelas músicas que nos ligaram
Pelo desejo…
Pela coragem…
Pela falta dela…
Por um caminho que fica por descobrir…
Por tudo… obrigada!