Foi um embate de olhares, bruto e surdo,
Que lançou uma teia
E enjaulou a dança do tempo atando-a!
Pulsos e tornozelos…
Impedindo-os de se precipitarem num abismo sem fundo…
De desejos nunca antes pronunciados
E calados na secura de gargantas com nós…
Não fosse o eco das suas vozes quebrar a fina camada de luz que os separava…
A imagem dela reflectia-se no fundo dumas pupilas contornadas de verde esmeralda translúcido
E atravessavam-na de um lado a outro sem pedir licença para passar.
Lutavam quietos na esperança que um sopro rasgasse a calma fúria que lhes corria nas veias,
Envoltos apenas em fragmentos desfeitos e sem cor
De imagens com que não tinham sonhado,
E assim ficaram por outras três horas.
E depois esgotou-se a força que os segurava.
Soltaram-se as amarras e os sentimentos antes camuflados,
Como um barco de velas colhendo ventos e sugando ares.
E esqueceram-se do resto…
Despidos de filtros e sem rodeios…