Perdida na escuridão das ruas
Numa noite em que os pés doíam
Por caminhar em círculos
Descalça sobre pedras frias
Resolvi mudar de direcção
E segui...
Por onde o rasto do meu cheiro
Era desconhecido
E a sombra da minha essência
Não se fundia noutras
Andei muito...
Sem noção de espaço
Nem de tempo
Apenas desiludida
Já nem sequer magoada
Muros altos cercavam-me
E nada via
Nada sentia...
E pensei que afinal
Todos os caminhos eram iguais...
Do nada, um pequeno feixe de luz
Que passava pela brecha
De uma porta encostada
Deixou-me ver os meus pés
Já feridos e sem forças
Abri-a devagar... a medo...
E a porta rangeu
'Poucos abrem novas portas'
Pensei...
Espreitei e entrei
E os meus poros sentiram o arrepio
De um banho de mágicas emoções
Que me fizeram sorrir de dentro para fora
E voltar a sonhar...